Citações:esto

Origem: Wikcionário, o dicionário livre.


Português[editar]

esto1[editar]

  • 1720, Raphael Bluteau, Vocabulario portuguez e latino
    ESTO. É tomado do latim Aestus, que é maré ou preamar. (Quando a vazante é maior na ocasião dos Estos. História Seráfica de Fr. Manuel da Esperança, parte 2, 459, col. I.) Querem alguns que Esto seja palavra dos lavradores do Ribatejo, por enchente do rio.
  • 1865, José de Alencar, Iracema
    O seio da filha de Araquém arfou, como o esto da vaga que se franja de espuma e soluça. Mas sua alma, negra de tristura, teve ainda um pálido reflexo para iluminar a seca flor das faces. Assim em noite escura vem um fogo-fátuo luzir nas brancas areias do tabuleiro.
  • 1895, Adolfo Caminha, O Bom-Crioulo
    Nenhum esto de vida quebrava a monotonia do quarteirão, somente o ruído dos bondes e uma ou outra voz falando alto. Pairava um cheiro forte de urina, assim como uma emanação agressiva de mictório público, envenenando a atmosfera, intoxicando a respiração. Os primeiros reflexos do sol batiam nas vidraças obliquamente acordando os moradores, colorindo a frente das casas em pinceladas de ouro, dando brilhos de cristal puro ao granito dos portais, doendo na vista como fulgurações quentes de revérbero; e já se começava a sentir um calorzinho brando, uma tepidez morrinhenta, um princípio de mormaço.
  • 1906, Coelho Neto, O Turbilhão
    "Que não, ué? Havia de ir sem jantar? Isso não..." E saiu para ir à venda fazer umas compras. O curto instante da ausência de Mamede foi de sofrimento para o rapaz: o esto lascivo recrudesceu com maior intensidade, torturava-o uma estranha emoção de medo, faltava-lhe o hábito como em grande fadiga. Chegou a levantar-se, trêmulo, em pontas de pés, mas ficou parado, com as pemas bambas, os olhos cravados na cortina que encobria o corredor.
  • 1912, Simões Lopes Neto, Contos Gauchescos
    — Vi a colméia e o curral; vi o pomar e o rebanho, vi a seara e as manufaturas; vi a serra, os rios, a campina e as cidades; e dos rostos e das auroras, de pássaros e de crianças, dos sulcos do arado, das águas e de tudo, estes olhos, pobres olhos condenados à morte, ao desaparecimento, guardarão na retina até o último milésimo da luz, a impressão da visão sublimada e consoladora: e o coração, quando faltar ao ritmo, arfará num último esto para que a raça que se está formando, aquilate, ame e glorifique os lugares e os homens dos nossos tempos heróicos, pela integração da Pátria comum, agora abençoada na paz. —