Citações:caldo-de-cana

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  • 1878, Franklin Távora, O Matuto
    Lourenço ficou ao principio admirado, perplexo perante aqueles acontecimentos inteiramente novos para ele; dai a pouco, porém, já lhe faltou o tempo para beber do caldo de cana ainda quente, e mais tarde comer do mel-deengenho saindo da tacha, subir á almanjarra e açoitar os animais de companhia com os molecotes mais espertos.
  • 1899, Coelho Neto, A Conquista
    Estava travada a batalha, e, uma tarde, como se encontrassem dois grupos num botequim, correu copiosamente o caldo de cana que foi o hidromel do festim espiritual, e, diante dos burgueses aterrados, poetas de um e do outro partido recitaram, como em Wartburgo quando os bardos, tendo à frente o grande Wolfran, empenharam-se na grande luta lírica.
    O Moraes, assomado, lembrava aos do seu bando o que deviam recitar e Fortúnio, com uma voz branda, disse uns versos repassados de melancolia, o Alberto respondeu-lhe com um soneto admirável. Moraes ergueu-se e os alexandrinos fortes da Guerra atroaram com o fragor de catapultas. Outro poeta bucólico veio trazendo por uma rechã, ao romper do dia, um carro de bois rangendo aos solavancos e Anselmo frenético, com os olhos despedindo raios, arregaçando as mangas do casaco, despejou sobre a mesa a sua cornucópia helênica e, de mistura com pastores que sopravam syrinx, saíram hoplitas e deuses, hetéros e pallakai, filósofos e poetas, Eschylo às voltas com Aristeu, Menandro de braço com a lúbrica Lycenion, Laís e Minerva, as bacantes e as coéforas, as eumenides e as tesmofórias e às cinco e meia da tarde, encharcados de caldo de cana, abalaram triunfalmente os daquele Parnaso onde havia um moinho de café e um homenzinho, corcunda como Thersito, que apregoava bilhetes de loteria.
  • 1910, Olavo Bilac e Manuel Bomfim, Através do Brasil
    — Aqui estão as caldeiras e os tachos em que se cozinha o açúcar. Esta fumaça vem do caldo de cana fervendo... — comentou Juvêncio.
  • 1999, Aldo da C. Rebouças, Benedito Braga, José Galizia Tundisi, Águas doces no Brasil
    Quanto ao álcool, é obtido em paralelo com o açúcar a partir do mel retirado, ou pelo caldo-de-cana, fermentados em dornas sob ação de microorganismos. (...)
  • 2005, Theodor Koch-Grünberg, Do Roraima ao Orinoco (trad. brasileira do alemão Vom Roraima zum Orinoco (1917))
    (...) Peixe ou galinha, bem apimentados, com beiju e batata-doce ou abóbora, uma caneca de caldo-de-cana fresco, bananas, às vezes um melão, esse é o nosso cardápio diário. (...)
    Bebemos um cafezinho, uma cuia de caldo-de-cana, que acaba de ser espremido para ser cozido num caldeirão até virar rapadura, e voltamos por volta do meio-dia para Livramento.