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<small>'''Mário Quintana''' (século XX)</small>
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Revisão das 09h18min de 11 de agosto de 2006

Quem sou

Português, cinquentão, também "carão moreno", profissional de artes gráficas há tanto tempo que já nem recordo quando comecei.
Paixões confessáveis: trabalhar, trabalhar e "alentejanar" (o que inclui a gastronomia e o dolce far niente da planície a perder de vista). E a minha pátria, que é esta língua em que primeiro me entendi e entendi os outros. É com ela que elaboro os meus pensamentos e é nela que as personagens dos meus sonhos se entendem também. Isso confirma que é a minha língua. É com esse idioma que adoro dar dois dedos de prosa.
Só faço colecção de amigos, que, no entanto, vou deixando espalhados pelo mundo, como pedaços meus doados à humanidade.
Se me quiserem contactar, façam-no: cadum@netcabo.pt.

Como não amar...

... um linguajar de amor

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos
tão doentes da partida
tão cansados, tão chorosos
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes
tão fora de esperar bem
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
João Roiz de Castel-Branco, Cancioneiro Geral (século XV)

... uma fala de paixão

Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca «Charneca em Flor», in Poesia Completa (século XX)

... uma dolência de saudade

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar -- sozinho, à noite --
Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Gonçalves Dias (século XIX)


... uma fome do inantingível

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas.
Mário Quintana (século XX)